30 agosto 2011 11 comentários

É ela, Dani. Daniela!

     Pense n’uma baiana arretada… Pensou? Agora, confessa que pensou n’uma Ivete, uma Cláudia e uma Daniela. Não?! Mas, como?! Era imprescindível que  imaginassem elas, ou, ao menos, uma delas! Isto é um problema!! E, se não pensaram, o problema não é meu, é vosso. Portanto, procurem um médico!

     Porque, cá entre nós, as estrelas da nossa música são de uma irreverencia,Daniela Mercury; personalidade, e jeitos marcantes para qualquer memória. Além de todo o talento que esbanjam no palco, mostram, nas entrevistas, no contato com a mídia, o quanto são especiais.

     É sobre uma delas que gostaria de falar hoje, aquela que, sem dúvidas é minha favorita. Não seria bobagem ou hipocrisia minha dizer que prefiro Daniela. Não é por nenhuma característica que a distingue demasiadamente das demais, é só pelo gostar mais, por sentir maior afinidade, por sentir maior empatia pela obra. Enfim, pelo conjunto da obra me cativar mais.

28 agosto 2011 0 comentários

As Seis Cordas d'uma Seresta

Segunda parte da trilogia: “A Voz Do Violão”;
Primeira parte: Quanta Gente Veio Ver
Terceira parte: História de Amor;

     ‘As seis cordas de uma seresta’ foi o subtítulo que, de comum acordo, escolhemos. Embora novo, e surgido tão de repente numa das nossas reuniões, traduzia justamente o que queríamos:  a sutileza e a elegância de uma festa, na qual reinariam as seis cordas do violão, e a voz deste instrumento tão ímpar.

As seis cordas de uma seresta;

     Nos  bastidores, víamos claramente a festa crescer, tornar-se grande antes mesmo de sequer chegarmos perto de sua realização. Como mandava o manual, fazíamos tudo antecipadamente, não nos colocávamos como presas para surpresas e para imprevistos. Nunca fomos presas, e, se tínhamos que assumir um papel em todo o enredo, jamais fizemos papel de caça; erámos, todos, caçadores.

26 agosto 2011 0 comentários

Amanhecer,

     Osíris, Isis e Hórus.Certa vez existiu um deus, que com todo o seu esplendor e sua onipotência atraía o olhar invejoso dos outros deuses, que não tão poderosos quanto ele, sempre viviam com o desejo ardente de usurpar-lhe o poder e, assim, ter o seu cargo, a sua função. Aonde quer que fosse, os olhos invejosos perseguiam o deus-Sol, como sombras.

      Não era à toa que Osíris fosse tão poderoso. Era o mais bondoso dos deuses, e, todo o seu esplendor, era prova do seu amor. Representava a luz, a vastidão dos significados que elas trazem para nós. E a sua popularidade, sua bondade, e sua luz, eram os principais motivos de sua popularidade. Além de tudo, ainda era o deus da vegetação e da vida no além.

     Ao contrário de Seth, o deus da escuridão, Osíris era muito popular. Isso fazia de Seth a sombra mais importante daquelas que perseguiam Osíris. Era o mais invejoso, aquele que mais desejava o seu poder, e quem mais tramava para fazê-lo. Seth, irmão de Osíris, desejava tanto o poder deste, que, por fim, tramou e fez sua morte. O deus estava morto, pois sim, eles eram mortais.Isis;

     O mundo então entrou em uma escuridão profunda, imensa. O sol não surgiu, não havia sequer resquícios de luz. Mas, havia o amor. O amor de Isis, deusa, irmã e grande amor da vida de Osíris. Isis chorou, até que não houvesse mais lágrimas, até que não pudesse mais chorar. Seu amor, e somente seu amor, mantinha o mundo vivo, mantinha a vida.

     Vendo o sofrimento de sua mãe, Hórus, filho de Osíris, partiu para vingar seu pai, e restaurar a alegria de sua mãe. Marchou à procura de Seth e o desfiou para uma batalha mortal. Depois de uma sangrenta batalha, que durou inúmeros e incontáveis dias, constituída de golpes hercúleos e de força divina, Hórus venceu Seth e ressuscitou Osíris.

     Em toda essa lenda, Osíris representa o Sol, com todo o seu esplendor; Seth, a noite, a morte do sol, o seu fim; As lágrimas de Isis deram origem ao Rio Nilo, e representam o amor – que sempre triunfa; e Hórus, representa o amanhecer, que sempre trás o Sol de volta, depois de toda a noite, de toda a escuridão.

     Espero que tenham gostado da minha versão para a lenda de Osíris e Isis. Gostaram? Erratifiquem!

23 agosto 2011 0 comentários

Demagogia

     Nem parece hipocrisia, tampouco é. Eu não gosto de demagogia. Não gosto de usar, não gosto de ver. Dizer que odeio seria algo pesado demais, e só por isso não usei o verbo ‘odiar’, pra definir o meu pensamento acerca desse artifício tão usado antiga e atualmente.

     Política e Demagogia;Demagogia: Política que favorece as paixões populares. Ato, ou efeito de agradar com discursos e/ou falas extremamente bajulares, que remetem a um puxa-saquismo nato daqueles que desejam alguma coisa, e chegam aos fins para tal.

     Portanto, já que todas as pessoas são movidas por quereres, e a maioria delas não conhecem os limites para consegui-lo, a demagogia figura entre os meios mais usados para chegar-se á um objetivo. Porque é encarado como o jeito mais afável, e, talvez, menos perigoso de fazê-lo. Contudo, não o é, é bem próximo do contrário disso tudo.

     Pode ser o jeito mais afável para quem não o percebe. Afinal, o sorriso dissimulado e o jeito hipócrita de falar as coisas não podem ser encarados como afável. Pode? E, digamos que também não é o menos perigoso. Isso porque, ao ser demagogo, corre-se o risco, e o geralmente ele se consagra, de subjugar-se ou desdenhar-se do pensamento de outrem.

     Pode parecer confuso, mas eu explico. Vamos lá!

     Digamos que eu não concorde com o que Marília Leite – e cito-a por também saber da sua aversão, e capacidade de reconhecer a demagogia – está falando de uma proposta que ela tenha, pra turma do nosso 3º ano; Eu não concordo com ela, não gosto do projeto. Mas, não falo nada, porque quero que ela aprove o meu projeto...

     Pode parecer uma simples troca de favores, mas a demagogia se esconde por trás disso tudo. Afinal de contas, eu não vou ficar calado enquanto Lila estiver falando, vou ter que concordar, mostrar o meu apoio e, se for um bom político (e entenda todos nós como seres políticos) irei, inevitavelmente, elogiar, incentivar e fazer uma ótima crítica construtiva – e falsa.

     Ótimo, chegamos ao ponto. A demagogia é um ponto fortemente ligado à falsidade. Tão ligado que chega à parecerem – quase – iguais. Porque, falar algo simplesmente para agradar, quando você realmente é avesso ao que está acontecendo, em alto grau, é demagogia. Política e Demagogia II;E, falar isso, à inúmeras pessoas, seja num discurso, numa palestra, ou em mídia de alto alcance popular, configura uma demagogia altamente perigosa para o interesse de toda a população.

     Isso porque muito da mentira das figuras políticas que elegemos, de dois em dois anos, é baseado no ser demagógico que cada político tem. Eles falam o que nós gostamos e ouvir e fazem o que não queremos que seja feito. É mentiroso, é despótico, é ridículo. É demagógico.

     Contudo, não podemos, jamais, confundir demagogia com gentileza. Gentileza é uma virtude humana. A virtude de se calar perante uma pequena coisa que você não goste, para não ferir o outro, a virtude de fazer vista grossa pra uma gafe, ou de fazer um pequeno elogio, à fim de incentivar e levar a moral de uma pessoa, sempre sem fins lucrativos ou benéficos para você, senão, puramente, proporcionar o bem.

     Então, vamos acabar com a demagogia. Soa feio pra quem faz, soa feio pra quem vê. E você, leitor, o que acha? Erratifique! =)

21 agosto 2011 1 comentários

Quanta Gente Veio Ver

Primeira parte da trilogia: “A Voz Do Violão”;

     Quanta Gente Veio Ver;Dadas as partes ruins, vamos falar apenas das boas partes de ‘A Voz Do Violão’, uma obra puramente nossa, de pessoas inexperientes, de pessoas desentendidas de certas situações, contudo de inúmeros guerreiros que levaram afinco o maior desafio que lhes foi proposto. Lutamos, destemidos, com obstáculos muito maiores que qualquer um de nós. Lutamos, como heróis, e vencemos.

     A começar pela ideia. Não seria exagero dizer que precisávamos de muito dinheiro para as nossas pretensões (viagem e formatura), e não tínhamos – quase - nenhum. Então, a ideia deveria ser ousada. E foi, desde o princípio. Surgiu, e devo dizer, surgiu – de brotar do nada - de um papo com Tâmara Rios e Fernanda Gonçalves. E, logo após ter nascido, de duas garotas tão lindas e inteligentes, obviamente já deveria brilhar, e assim foi.

     Lembro, com muito gosto, que logo Nanda pegou o seu caderno, e Tâmara, com sua sapiência incomum, planejava e cunhava; colocava tudo na roda e tudo, tudo tomava proporções ainda maiores. Discutimos com afinco os detalhes, e também as grandes partes do plano. E, então, chegamos à um ponto. Um ponto que toda festa, inevitavelmente, tem: as atrações.

     Nem mesmo questionamos quando a decisão unânime já havia sido tomada. Canindé. Era a atração que todos sonhávamos, era o artista mais bem reconhecido – e melhor cantor – da região. Era, como já disse, um sonho. E todo sonho costuma ser caro. E este era, de início. Mas, prosseguimos. Mesmo com todo samba, com toda a lama, com toda a fama... A gente foi levando!

     Lembro ainda do muito bem quando ligamos pra Canindé, e conseguimos falar com ele, pessoalmente. Lembro que, já naquela ligação, ele talhou o preço, cortou de uma forma que nem os maiores otimistas (nós mesmos) poderiam supor, mesmo desejando. O preço era já bom, mas ainda não cabia nos nossos orçamentos.

     Contudo, continuamos. Via a empolgação nos rostos de Tâmara e Fernanda, e via que aquilo nutria a minha própria. Nós três, com auxílio de minha mãe, levávamos aquilo também como uma aventura, além de tudo. E, trabalhamos em frentes diferentes. Construímos um verdadeiro plano, completamente diagramado.

     Entramos depois em contato com Luciana Mascarenhas – empresária e mulher de Canindé Soares – e sua simpatia foi o nosso impulso para continuar negociando, além de nossa vontade. Convidados, estivemos presentes na sala da casa deles, talhando valores e derrubando um mito que se arrasta – infelizmente – por nossa cidade.

     Dizem que Canindé é metido, que não faz questão de tocar por aqui, que se acha superior aosCanindé e Eu; outros, e que, sempre quer o brilhantismo e o protagonismo das coisas. Mentira. Pura mentira. Estivemos lá, e fomos super bem recebidos (e sou grato eternamente por isso). Nos sentimos em casa, expomos nossa situação, e chegamos á um preço incrível, que cabia no nosso orçamento, e que estava, obviamente, complacente com nosso sonho.

     De quebra, Luciana e Canindé nos ajudaram com as outras atrações do espetáculo – Duda Félix e Silvinha Soares (aquele abraço!). Depois de –quase- fecharmos, Canindé soltou o “me dê esse valor, e levo Duda e Silvinha”. E assim foi. Saímos de lá sem contrato, sem a obrigação de pagar qualquer valor antes do show, por que estávamos em família – e essas foram as palavras deles.

     Saímos de lá com uma ótima impressão, com a autoestima super elevada, e com um show pra fazer. Trabalhando em várias frentes, já tínhamos a quase certeza do local (o Leader Esporte Clube) e já tínhamos uma ótima data. Contudo, o projeto ainda precisava ser comprado por uma parte importante dele: quem iria fazê-lo.

     Expomos para nossa turma de terceiro ano tudo o que havíamos conseguido. Tínhamos medo, entretanto, de acharem que fizemos algo feio escondendo deles por todo aquele tempo, e tínhamos mais medo ainda de não comprarem o nosso projeto sem nome.

     Mas, eles gostaram. E me irradio quando me lembro do sorriso de Marília Leite quando falamos da ideia. Ela comprou a ideia. Todos a compraram. E, juntos, pensamos, calculamos, fizemos. Saíze Carvalho foi um monstro , Allana Muniz foi uma gigante, e Marília foi massa, né pretinha?! E minha mãe, bem, foi mãe de todos nós, algo completamente único.

     Obviamente que alguns fizeram mais do que outros; mas, o grupo, enfim, funcionou. Produção;

     Porque o grupo decidiu a nossa marca, o nosso nome: “A Voz Do Violão”. E, para os engraçadinhos que perguntaram se o violão falava, tive o prazer de afirmar que sim. Que, para todo amante da boa música, ele falava; e tocava o coração de cada um de nós. E a nossa marca que fica, durante todo esse tempo, com o mais belo nome de festa em muito tempo.

     Porém, o subtítulo inicial não foi mantido. “Quanta Gente Veio Ver”. A turma achou que seria pressupor demais um futuro, seria prepotente da nossa parte. E, não foi. Foi apenas uma previsão do que seria, porque, na festa, vendo e encarando todo o nosso sucesso, era a aquela frase que me vinha à cabeça. Com os olhos lacrimejando e brilhantes, eu pensava, eu dizia: Quanta Gente Veio Ver.

     Continua...

19 agosto 2011 0 comentários

Dorgas!

O sol tá dooooidão!”. A frase que mais me impressionou – e me fez rir – na semana, foi também aquela que me fez ter o pensamento mais maluco dos últimos tempos. Por um momento, imaginei um foguete, lançando todas as drogas – reais e imagináveis – do planeta Terra pra incinerar no sol. E, depois, é claro, o sol muito malucão, dizendo: “Tô doooooidão!”.

     Rumo ao Sol;Claro que esse pensamento meio pirado, não sairia da minha cabeça por apenas nada – até porque eu cobro pedágio das besteiras que querem deixar o lar delas. Saiu, porque tem um assunto que anda me perseguindo – e olha que nem tem pés – nos últimos tempos e, tenho certeza, que tem uma enorme vontade de ser assunto do Errático. Só pode, só deve!

     Começou na quarta, quando uma cara muito bacana chamado ‘Rei!’, foi lá na escola dar uma palestra sobre 2012. Ê, meu rei! O rei estava perdido, escrevia de forma super bizarra no quadro, e ainda ficou paranoico com o pouco tempo que tinha para explicar as teorias que passou a vida dele elaborando.

     E a tranquilidade dele não era normal, nem aqui, nem na China. O cara, em raros momentos de exceção - era ‘zeem’, quase parando, a fala se alongando e – quase que eu cochilo; só não fiz isso porque estava ocupado rindo. E esse estado dele me faz voltar atrás, e dizer que na China (dependências de Buda) é normal sim ser ‘zeem’ assim.

     Aliás, penso que Buda dava uma cheirada n’algum negócio. Tenho cá pra mim que ele tinha umasCabô as Dorgas! ervas plantadas no quintal daquelas montanhas lá – sem desrespeitar a religião de ninguém, por favor, isto é humor! E, penso também que Buda deve virar tema do Errático. Pense num gordo que eu admiro, e que tenho muito pra falar!

     Mas, voltando, o ‘Rei’ soltou a frase: “O sol tá dooooidão!”, e eu quase me urino. Cara, ele era muito doido – no bom sentido, claro. Comeu todo o nosso seminário, e deixou a Saíze Freire sem apresentar a parte dela – o que me fez rir mais ainda, o dobro quase. E isso tudo foi doido. Muito doido. E eu nem tinha fumado naquele dia!

     Dorgas!Depois, veio a imagem. Issaê, a imagem desse cachorro ‘práládeBagdá’ aí do lado. Rachei de rir! Os caras na net não tem o que fazer mesmo, daí produzem essas pérolas, pra outro cara que não tem nada pra fazer da vida, ver, e ficar, como um psicopata, ou, drogado, rindo dessas merdas. E eu no bolo, claro, como fermento. Mas, que é bom é!

     O que eu tenho mesmo pra falar sobre drogas? É, acho que falei na aula de Ana Maria [Geografia], hoje de manhã e, creio – e não tenho certeza disso – esqueci o que disse. Gente, eu não fumei hoje. Juro que não fumei! Mas, é que minha memória anda meio baqueada, e eu não ando fazendo muito esforço pra melhorar ela não.

     Porque ando muito ocupado, vendo essas mensagens de dorgas na internet. Ô coisa boa é não fazer nada, viu? E meu sonho segue o mesmo de sempre: passar minha vida, acompanhado – é claro – numa rede. Ê vidão, ê paixão!

     O que vocês têm a falar sobre dorgas?! Erratifiquem!

    Levando no humor. Drogas são prejudiciais! Não façam isso em casa; nem na rua, é claro! – Paradinha para agradecer a super audiência que o Errático teve nas últimas semanas. Recorde de visualizações, recorde de comentários. Muito obrigado!

16 agosto 2011 19 comentários

Putaria Musical Baiana

     Invertendo MPB, temos duas coisas. Primeiro, temos uma música de péssima qualidade; segundo, temos uma sigla diferente: PMB – Putaria [Não] Musical Baiana. Embora não seja propriamente novo, esse estilo vem atraindo inúmeras polêmicas, vem figurando entre os temas mais discutidos e é, sem dúvidas, um baita problema.

Super-Man!

     A Bahia é o berço musical do Brasil. Esta afirmação torna-se indiscutível quando citamos que daqui saiu o samba, João Gilberto [Bossa Nova], Gil e Caetano [Tropicalismo] e, mais recentemente, o Axé Music. Isso sem citar que daqui também saíram Bethânia, Gal, Ivete, Chiclete, Cláudia, Brown... Esqueci-me de alguém? Muitos, né?!

     Contudo, nos últimos anos a terra da música, de uma cultura ímpar vem abrindo espaço pra uma tendência, no mínimo, perigosa.

     Léo Santana;O chamado ‘pagode baiano’, ou, simplesmente ‘swingueira’ constitui-se, basicamente, de um ritmo –espetacularmente – dançante e rico, em contraste com suas de letras medíocres, porcas e de caráter extremamente ofensivo, juntamente com suas coreografias lotadas de erotismo, que denigrem o sexo como relação amorosa e rebaixam os seus dançantes, racionalmente falando, a um nível de ridicularidade e insensatez.

     Caso fosse apenas ritmo, a swingueira seria de uma riqueza tremenda. Sim, porque até o mais sisudo velhinho, ou o mais rabugento jovem, até os mais nerds, tem o corpo balançado, automaticamente, quando ouvem o pagode tocar. Até os mais experimentes críticos, conhecedores, músicos propriamente ditos, reconhecem isto. Caetano disse que o pagode é massa!

     Mas, não o é. O que tem de riqueza de ritmo, tem também de pobreza na letra.

     Por isso não considero o pagode como música. Na minha [leiga e pessoal] classificação, música tem que unir ritmo, letra, melodia e sentido. Não qualquer tipo de sentido, mas aquele que faça com que fiquemos fascinados; seja por já termos vivido aquela situação, seja por despertar sensações que gostaríamos de viver, e etc.

     Márcio Vitor.As letras associadas à esse ritmo, quase sempre, empregam um segundo, terceiro, quarto sentido, quase sempre associados ao sexo, denegrindo–o e manchando a imagem física e psicológica do sexo feminino. E isso não vem de hoje… Quem não se lembra dos clássicos versos: “Agora que tá bom, agora tá bonito, é que chegou o Chico Rola no forró do Zé Priquito…” ? Ou destes: “Me dá o toin, que eu te dô 10 conto…”. Inúmeras outras, precursora do Pagode Baiano.

     As letras, quase sempre, mostram a inaptidão, ou a própria maldade de quem as faz. São deprimentes, se analisadas longe do ritmo. Mas, não é isso o que as pessoas conseguem fazer. Por mais que não gostem, que critiquem, o ritmo atrai, faz dançar, mexer. E a letra condena. E, influenciada pela união de opostos que são letra e ritmo, nasce algo mais bizarro ainda: a coreografia. Resumida em uma única palavra: triste.Pare, pense!

     Discorda? Pare, pense. Consegue? Então, sigamos. Sente-se numa cadeira, de frente pra duas pessoas que estão dançando... Com algodão, ou qualquer coisa do tipo, isole acusticamente os seus ouvidos. Fez? Então, agora, preste atenção. Aguce o seu senso crítico – caso tenha um. O que você vê? O que você realmente vê? É bonito?

     Não, não é. É triste. É feio. E como os grandes feitos ou são frutos de extrema burrice, ou de extrema inteligência, a letra mostra realmente isso. Ou são burros demais, em não saber escrever uma letra, ou são extremamente inteligentes de não querer ela. Burrice ou inteligência?

     Por que o ritmo alucina – e isso só pode ter vindo da inteligência – e a letra atrai a má crítica – e isso só pode ter vindo da burrice; Chego a uma conclusão: Isto não é um grande feito. Nem de perto é. Como uma música de apenas refrão não pode ser. É um perigo.

     Violão,Sim, um perigo. Porque com essa sedentarização que é imposta ao nosso pensamento, é um verdadeiro golpe na cultura. Cada vez mais nascem músicas sem letra, sem sentido – propriamente pensante – e, cada vez menos, se vê a verdadeira essência da música => a mensagem que se passa. E, impensantes, sem inteligência, nada podemos fazer.

     O que se percebem é que se quer nivelar para baixo. E, a indignação que tive, quando vi aparecerem os monstros do pagode no Fantástico, dizendo que era tudo ‘normal’, que as mulheres ‘gostavam’ e que não havia maldade, traduzo aqui hoje, neste artigo. É mentira! Eles não se importam com a arte. Importam-se com as cifras. E só.Ivetão!

     Torço pra que o Sertanejo Universitário, o Forró, a própria MPB, o Samba, o Pagode tomem outras vertentes ao da swingueira. Invistam nas letras, nos sentimentos, nas situações que valem a pena se mostrar como arte. Não caiam na ilusão de que música foi feita somente pra se cantar. É mais do que isso: é traduzir para inúmeras, milhares, de pessoas uma mensagem.

     Rezo pra que os monstros da nossa música (Ivete, Chiclete, Cláudia, Paula, Luan...) continuem à Caetano;pleno vapor. Rezo pra que os mitos da nossa música (Chico, Roberto, Gil, Milton, Lulu...) ressuscitem e voltem a produzir, voltem a mostrar como é que se faz! Rezo pra que o mito Caetano continue à todo o vapor, mostrando –  dando o exemplo – de como se pode ser mito, e produtivo ao mesmo tempo.

     E, falando em Caetano. Não sei dos motivos dele ter dito que o pagode é massa. Talvez goste. Contudo, prefiro acreditar que foi de encontro à censura. Porque, pior do que tudo o que se diz contra o pagode, pior do que tudo o que se faz com o pagode, é pensar em censura. O Brasil não merece isso! Todos tem o direito de se expressar livremente. As consequências disso são outros 500. Mas, tem. E ninguém pode tirar esse direito.

     Censura?! Nunca. Eduquem nas escolas, façam pensar. E, então, teremos, novamente, revoluções musicais e boa música, para todos. O que vocês acham? Erratifiquem!

14 agosto 2011 3 comentários

Meu pai.

     Sempre me achei mais parecido com meu pai, do que com minha mãe. Não em termos de aparência, mas de jeito, propriamente falando. Às vezes noto em mim mesmo o mesmo ar sereno e calmo com que ele enfrenta a vida, o jeito calado, quase mudo, que ele emprega à certas situações. Enfim, a naturalidade com que ele lida com uns acontecimentos, me é tão familiar, que a enxergo em mim, e apenas em nós dois.

     Talvez por isso eu me considere mais parecido com ele, por essa característica tão diferente que nós compartilhamos. Claro que posso, em algumas vezes, chegar ao nervoso extremo, ao stress profundo, e, herdando os genes de minha mãe, soltar o verbo e descer o porrete, como já o fiz algumas vezes. Mas, é ao jeito de meu pai que volto, quando tudo passa, quando a tempestade se esvai. É intensamente o que prefiro, o que gosto.

     Quantas vezes já vi meu pai com um olhar tranquilo e sereno, chegando a parecer vazio até, quando todos à sua volta arrancavam os cabelos e liquidavam o juízo...? Quantas vezes já ri daquilo e achei tudo o máximo...? Muito. E, ah, eu ainda acho. Ou melhor, acho inda muito mais. De meio sorriso no rosto, vejo, com satisfação, o quanto somos parecidos.

     Podem até haver pessoas que achem o nosso relacionamento, como algo não muito bom, ou até mesmo ruim para pai e filho. Meu pai pode até achar isso, como até eu às vezes acho. Mas, pai, a certeza de que nos damos bem, é a certeza de que o nosso papo calado é uma herança sua. Não somos de falar muito em certas situações. Não somos de estender assuntos mórbidos. Somos assim, e, creio, nos compreendemos como somos. E, ninguém mais, compreenderia isso.Kleber, Milena, Augusto.

     Hoje, quando acordei, me veio a frase, que ficou martelando por minutos em minha cabeça: “Tenho que abraçar o meu pai!”. Mas, não como obrigação, era como desejo, como se eu precisasse daquilo, de uma forma quase que substancial, como se viesse se acumulando por muito tempo, e como precisasse se realizar naquele momento.

     Pai, mais do que tudo, te admiro pelo que tu és, pelo que você fez por mim. Quando eu terminar de crescer, quero ser igual você. Assim, desse seu jeito que eu tanto gosto. Esse seu jeitão calado, de não se importar com o que não merece sua importância, esse seu jeito de enfrentar – e vencer – tudo. Pai, você é um exemplo de homem, de pai. Um exemplo que eu pretendo seguir à risca, sem tirar, nem pôr. Pai, é que eu precisava dizer que te amo. Mas, acho que já fiz isso, naqueles abraços de hoje, sem falar absolutamente nada.

    Eu te amo, pai!

A partir de hoje, o Errático terá post’s às terças (políticos, sérios, polêmicos, etc.), às sextas (cômicos, humorísticos, românticos, etc.) e também aos domingos (as séries – ou seja, uma série de post’s sobre determinado tema); Assim, sendo, agora o Errático passa a ter 3 postagens semanais, e não apenas duas, como havia tendo. Abraço, Augusto Luiz.

12 agosto 2011 0 comentários

Meu Jeito (My Way);

Original: Claude François / Jacques Revaux / Paul Anka

Adaptação: Augusto Luiz

Agora, o fim está chegando...

Então, enfrento o último desafio.

Meu amigo, vou lentamente falando,

Contarei meu caso, aqui, em meu covil.

 

Eu vivi tudo intensamente,

Eu viajei por cada e todas as situações;

Oh, mais, muito mais profundamente,

Eu fiz tudo às minhas feições.

 

Arrependimentos? Alguns. Tive que ter,

Mas, tão poucos para contar...

Eu fiz o que tinha que fazer,

E eu vi tudo, sem exceção, sem nada falar.

 

Eu planejei cada caminho do mapa, mudo,

Cada atalho, atenciosamente, no peito.

Oh, mais, muito mais que tudo,

Eu fiz do meu jeito!

 

Sim, houve vezes, e eu tenho certeza que você sabia,
Que eu mordi mais coisas do que podia mastigar...

Mas, quanto à
dúvida, quando ela havia,
Eu a engolia
e a cuspia, até a matar.

 

Eu enfrentei tudo, e continuei de pé,

E fiz do meu jeito...

 

Eu amei, e ri chorando...

Tive minhas falhas, minha parte de derrotas.

Agora, com as lágrimas brotando,

Entrego-me às minhas risotas...

 

E pra que serve um homem? O que ele possui?

Somente tem a si, e ao seu passado,

Serve para mostrar que no presente influi,

Além de não aceitar o seu futuro ajoelhado.

 

E, no futuro, quando apontarem os covardes,

Com certeza de tudo que fiz, direi, sem despeito,

- ‘Oh não, não, não eu!’ – com alardes.

Eu fiz do meu jeito!

 

O meu passado mostra: eu recebi as pancadas...

...E fiz do meu jeito!

09 agosto 2011 0 comentários

A Voz do Violão.

     Se alguém procura algum motivo pra desatualização do Errático, pode colocar a culpa em ‘A Voz do Violão’, e retirar quaisquer da minha preguiça, ou do meu ócio. Até mesmo porque gosto de escrever, tenho vontade de fazê-lo, e nem minha escultural e gigantesca indolência poderia sobrepor isso, salvo raros casos. Augusto

     A ‘Voz’ me consumiu, confesso, desde a raiz dos pensamentos até a vertigem das ações. Faltou tempo, faltou ar, e faltou preparação para enfrentar tudo isso. Entrego a culpa à minha inexperiência, e a minha vontade, cuja força foi de tamanha imponência que sufocou até mesmo seu criador.

     Entreguei-me ao stress, à intolerância. Fui grosseiro, rude, mal-educado, descortês. Coisas que nunca suportei, e que jamais aprenderei a suportar, coisas que me causam náuseas só de imaginar. E, ao imaginar que tive isso, que fui isso, sinto-me mal. Não quis ter tido, e tê-los foi insuportável.

     Mas, entendo o que aconteceu pelo momento. Não que concorde, apenas entendo. Dei o meu sangue por uma coisa, e acabei entregando o meu corpo e o meu pensamento para aquilo. Era um sonho que acontecesse, era um sonho que fosse perfeito, e, vendo o descaso de muitos outros, que deveriam ser parte daquilo, deixei de delegar as tarefas.

     Acompanhei tudo de perto, não como dono, mas como apenas alguém que queria o exímio sucesso daquilo que, junto com todos, organizava. Não quis parecer dono, somente quis me certificar que tudo ocorreria bem, que tudo aconteceria da forma com que foi pensada. E, infelizmente, muito não aconteceu da forma idealizada.

     Errei. Diversas vezes, errei. Não tenho medo de assumir que diversas, muitas, e demasiadas vezes eu fui um tolo, um bobo, um burro e, mais que isso, tudo isso junto. Feri pessoas que eu gostava, e pedi, peço e sempre pedirei desculpas por isso. A minha tolice não se justifica, nem quero justificar uma coisa tão feia e tão sem propósito.

     Não sei quando poderei me livrar dessas consequências todas em mim mesmo. Mas, creio que vaiAugusto, Saíze, Allana; demorar um pouco. Tento restaurar os meus modos, meus jeitos e todos os meus pensamentos. Tento conciliar o que eu já tinha de bom, com o que eu construí nessa longa jornada pela festa, e apagar de mim aquilo que não foi bom, nem proveitoso.

     Isso vai demorar. Sinto que vai demorar mais do que eu queria... É um processo difícil, que vai se arrastar lento, para que enfim possa dar certo. E, enquanto não chego onde eu quero, vou readquirindo as formas, restaurando os conceitos e, mais que tudo, recuperando o que sempre foi, é ainda, e sempre será meu, ou ‘eu’.

     Breve postarei toda a história do sonho que foi ‘A Voz do Violão’, sob o título de ‘As seis cordas de uma seresta. Aguardem, o show começará novamente, e ao público, as minhas graças, críticas, opiniões, amores, e, mais que tudo, aos leitores, Augusto Luiz.

    Muito obrigado, por vossa atenção, o Errático está de volta!

 
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