16 agosto 2011

Putaria Musical Baiana

     Invertendo MPB, temos duas coisas. Primeiro, temos uma música de péssima qualidade; segundo, temos uma sigla diferente: PMB – Putaria [Não] Musical Baiana. Embora não seja propriamente novo, esse estilo vem atraindo inúmeras polêmicas, vem figurando entre os temas mais discutidos e é, sem dúvidas, um baita problema.

Super-Man!

     A Bahia é o berço musical do Brasil. Esta afirmação torna-se indiscutível quando citamos que daqui saiu o samba, João Gilberto [Bossa Nova], Gil e Caetano [Tropicalismo] e, mais recentemente, o Axé Music. Isso sem citar que daqui também saíram Bethânia, Gal, Ivete, Chiclete, Cláudia, Brown... Esqueci-me de alguém? Muitos, né?!

     Contudo, nos últimos anos a terra da música, de uma cultura ímpar vem abrindo espaço pra uma tendência, no mínimo, perigosa.

     Léo Santana;O chamado ‘pagode baiano’, ou, simplesmente ‘swingueira’ constitui-se, basicamente, de um ritmo –espetacularmente – dançante e rico, em contraste com suas de letras medíocres, porcas e de caráter extremamente ofensivo, juntamente com suas coreografias lotadas de erotismo, que denigrem o sexo como relação amorosa e rebaixam os seus dançantes, racionalmente falando, a um nível de ridicularidade e insensatez.

     Caso fosse apenas ritmo, a swingueira seria de uma riqueza tremenda. Sim, porque até o mais sisudo velhinho, ou o mais rabugento jovem, até os mais nerds, tem o corpo balançado, automaticamente, quando ouvem o pagode tocar. Até os mais experimentes críticos, conhecedores, músicos propriamente ditos, reconhecem isto. Caetano disse que o pagode é massa!

     Mas, não o é. O que tem de riqueza de ritmo, tem também de pobreza na letra.

     Por isso não considero o pagode como música. Na minha [leiga e pessoal] classificação, música tem que unir ritmo, letra, melodia e sentido. Não qualquer tipo de sentido, mas aquele que faça com que fiquemos fascinados; seja por já termos vivido aquela situação, seja por despertar sensações que gostaríamos de viver, e etc.

     Márcio Vitor.As letras associadas à esse ritmo, quase sempre, empregam um segundo, terceiro, quarto sentido, quase sempre associados ao sexo, denegrindo–o e manchando a imagem física e psicológica do sexo feminino. E isso não vem de hoje… Quem não se lembra dos clássicos versos: “Agora que tá bom, agora tá bonito, é que chegou o Chico Rola no forró do Zé Priquito…” ? Ou destes: “Me dá o toin, que eu te dô 10 conto…”. Inúmeras outras, precursora do Pagode Baiano.

     As letras, quase sempre, mostram a inaptidão, ou a própria maldade de quem as faz. São deprimentes, se analisadas longe do ritmo. Mas, não é isso o que as pessoas conseguem fazer. Por mais que não gostem, que critiquem, o ritmo atrai, faz dançar, mexer. E a letra condena. E, influenciada pela união de opostos que são letra e ritmo, nasce algo mais bizarro ainda: a coreografia. Resumida em uma única palavra: triste.Pare, pense!

     Discorda? Pare, pense. Consegue? Então, sigamos. Sente-se numa cadeira, de frente pra duas pessoas que estão dançando... Com algodão, ou qualquer coisa do tipo, isole acusticamente os seus ouvidos. Fez? Então, agora, preste atenção. Aguce o seu senso crítico – caso tenha um. O que você vê? O que você realmente vê? É bonito?

     Não, não é. É triste. É feio. E como os grandes feitos ou são frutos de extrema burrice, ou de extrema inteligência, a letra mostra realmente isso. Ou são burros demais, em não saber escrever uma letra, ou são extremamente inteligentes de não querer ela. Burrice ou inteligência?

     Por que o ritmo alucina – e isso só pode ter vindo da inteligência – e a letra atrai a má crítica – e isso só pode ter vindo da burrice; Chego a uma conclusão: Isto não é um grande feito. Nem de perto é. Como uma música de apenas refrão não pode ser. É um perigo.

     Violão,Sim, um perigo. Porque com essa sedentarização que é imposta ao nosso pensamento, é um verdadeiro golpe na cultura. Cada vez mais nascem músicas sem letra, sem sentido – propriamente pensante – e, cada vez menos, se vê a verdadeira essência da música => a mensagem que se passa. E, impensantes, sem inteligência, nada podemos fazer.

     O que se percebem é que se quer nivelar para baixo. E, a indignação que tive, quando vi aparecerem os monstros do pagode no Fantástico, dizendo que era tudo ‘normal’, que as mulheres ‘gostavam’ e que não havia maldade, traduzo aqui hoje, neste artigo. É mentira! Eles não se importam com a arte. Importam-se com as cifras. E só.Ivetão!

     Torço pra que o Sertanejo Universitário, o Forró, a própria MPB, o Samba, o Pagode tomem outras vertentes ao da swingueira. Invistam nas letras, nos sentimentos, nas situações que valem a pena se mostrar como arte. Não caiam na ilusão de que música foi feita somente pra se cantar. É mais do que isso: é traduzir para inúmeras, milhares, de pessoas uma mensagem.

     Rezo pra que os monstros da nossa música (Ivete, Chiclete, Cláudia, Paula, Luan...) continuem à Caetano;pleno vapor. Rezo pra que os mitos da nossa música (Chico, Roberto, Gil, Milton, Lulu...) ressuscitem e voltem a produzir, voltem a mostrar como é que se faz! Rezo pra que o mito Caetano continue à todo o vapor, mostrando –  dando o exemplo – de como se pode ser mito, e produtivo ao mesmo tempo.

     E, falando em Caetano. Não sei dos motivos dele ter dito que o pagode é massa. Talvez goste. Contudo, prefiro acreditar que foi de encontro à censura. Porque, pior do que tudo o que se diz contra o pagode, pior do que tudo o que se faz com o pagode, é pensar em censura. O Brasil não merece isso! Todos tem o direito de se expressar livremente. As consequências disso são outros 500. Mas, tem. E ninguém pode tirar esse direito.

     Censura?! Nunca. Eduquem nas escolas, façam pensar. E, então, teremos, novamente, revoluções musicais e boa música, para todos. O que vocês acham? Erratifiquem!

19 comentários:

Miguel C.N. disse...

Hell yeah!
Resta a nós colocar alguma coisa na cabeça das pessoas.
Muito bem dito, assino em baixo.

Anônimo disse...

Concordo!

Gabriel disse...

Fora a parte que o Luan é um "monstro" estou de acordo com a tua opinião.

Anônimo disse...

Engraçado citar Ivete (como se fosse música boa), mas não citar Daniela Mercury...rs...Me desculpe, mas esse texto está muito vazio.

Augusto Luiz disse...

Obrigado, Miguel! Obrigado, Guilherme! =) 'Jovem', particularmente não gosto muito de Luan Santana (teremos até um post sobre isso depois), mas, é o hoje o que faz sucesso, e o que reúne multidões com uma música "diferente", desta que critiquei. Por isso coloquei-o entre os 'monstros'. Obrigado pela visita, e pelo coment, volte sempre! =)
'Anônimo', Ivete, inquestionavelmente, faz sucesso. A música dela, por convenção da maioria, é de ótima qualidade, e na minha opinião também. Contudo, coloque naqueles '...' Daniela, Raul. Gosto de Daniela muito mais do que de Ivete. Sou louco pra ter-mos Daniela no nosso micareta de Jacobina. E, se não a citei, devo isso à minha [falta] de memória quando escrevia. Obrigado pela visita! =)

@VinicinhOow disse...

O povo querem acabar com o nosso som, a nossa swingueira, eu concordo que há exageros nas letras.

O que me deixa mais feliz, é saber que o FUNK além de ser pior, tá vivo até hoje, eu tenho certeza que com nosso pagodão será a mesma coisa...

Por tanto, acho justo, a Deputada que foi a principal pivô para essa polêmica, se preocupar com algo que de fato acrescente na sociedade, como um projeto de segurança, de saude, educação e etc.

Augusto Luiz disse...

VinicinhOow, concordo com você no tocante à Deputada; Ela tentou um ato de censura, e isso é abuso de poder, vai de encontro aos nossos direitos. Censura, nunca! E, se a censura é o único jeito de abrandar isso, melhor que continue... Censura, nunca!

Anônimo disse...

A atitude tomada pela deputada em nenhum momento deve ser encarada como censura. À medida que a mesma tomou (apoiada por 75% da família soteropolitana comprovada em pesquisa, e por 36 dos deputados), foi destas bandas não participarem de nenhum evento patrocinado pelo governo do estado, já que elas possuem um conteúdo ofensivo para as mulheres e a atual gestão não se filia a esse tipo de prática.
Dizer que mulher é igual à lata, que um chuta e o outro cata, ou chamar a mulher para transar e frente à negativa dela você a colocar “na geral” para mim soa como meio como uma apologia a violência, e coloca a mulher numa posição inferior ao homem.
Sou filho, irmão e tio- de mulheres é claro- e me sinto constrangido em ouvir algumas canções. Entendo quando o Caetano chama o pagode de massa, porque ele é mesmo. A periferia de Salvador não tem acesso a um show de Gal, Bethânia, Gil, Ivete, Chiclete... São caríssimos!!! O pagode esta mais próximo ao consumo. Mas atualmente ele mudou de configuração, ficando insuportável escutar.
Eu gosto do bom pagode baiano, principalmente as bandas que herdaram um pouco da contribuição do samba de roda. Harmonia do samba, Ed city e outros fazem sucesso sem se valer de letras apelativas. O funk carioca, em especial o proibido (que é parecido do pagode baiano em sua maioria) sempre esteve à margem da sociedade carioca. Eu acho que um local que sempre esteve na vanguarda musical brasileira, a Bahia, se encontre neste estado.
Respeito quem ouve e curte essa linha do pagode. Mas eu não gostaria de ver minha irmã ser chamada de lata, responder determinadas perguntas com o “popozão” ou ver meus sobrinhos amassando a latinha com a bunda e achar algo saudável, ou valido nisso. Bem e só minha opinião. Abraços.

Augusto Luiz disse...

E privar certo tipo de bandas [e de música] de participar de um evento patrocinado pelo governo [e isto previsto em lei] não é uma forma de censura - direta ou indiretamente?

"Respeito quem ouve e curte essa linha do pagode. Mas eu não gostaria de ver minha irmã ser chamada de lata, responder determinadas perguntas com o “popozão” ou ver meus sobrinhos amassando a latinha com a bunda e achar algo saudável, ou valido nisso. Bem e só minha opinião. Abraços." - Assino embaixo! =)

Anônimo disse...

Como um artigo de opinião, o texto ficou bacana... mas não gosto de generalizações. Por exemplo, marcio vitor faz letras que exaltam tematicas importantes.
Vejamos:
Toda boa - levanta a moral feminina
paz- PAZ NO MUNDO

critica pela critica não agrega muita coisa!
http://victorlimeira1.blogspot.com/2011/08/critica-pela-critica.html

Anônimo disse...

Trocar Daniela por Ivete nesse texto foi ruim heim. Sem desmerecer Ivete, mas Daniela tá anos luz a frente.

Augusto Luiz disse...

Sim, Sim... Exitem Oásis nesse deserto que é a swingueira. E, realmente, não citar Daniela foi muito ruim; culpa da minha péssima memória. Ela é um monstro da nossa música. Obrigado pelas visitas, voltem sempre! =)

Anônimo disse...

Resposta:
Sei que vivemos em um estado democrático de direito. Mas como tal devemos ter alguns limites. Paises como o Chile, Argentina e vários da europa possuem regimentos que regulam determinadas ações da midia e outros... Aqui não pode ser diferente. Quando a economia cai, temos intervenção do banco central, quando a cultura vai mal o minc entra em ação, quando algum estado ou município decreta estado de emergência a união faz a intervenção. Na música DEVE acontecer o mesmo.
OU então, em nome da "democracia" ou da "anti censura" vamos patrocinar apoligias, como violência a mulher?

Ps: Sei que você ja comentou e se desculpou, mas esqueçer aquela que abriu portas para o axé nacional e internacionalmente é um erro imperdoavel rsrs. Parabens pelo blog.

Augusto Luiz disse...

Essa questão é muito complicada, se analisada à fundo. Em minha opinião, nada deve ser censurado. As pessoas tem o direito de se livre expressar e de escolherem o que querem fazer ou produzir. Se é errado, feio, ou crime, que se julgue depois. Porém, o ato de dizer o que deseja, o que quer, é um direito de todo ser humano. Portanto, não sou à favor da censura em nenhum meio, muito menos na musica. É só a minha opinião! =)
Sobre Daniela, foi mesmo um erro que pretendo corrigir no próximo post (terça-feira); Dá uma passadinha lá, e comenta! Vlw, abraço! =D

Anônimo disse...

SE NÃO GOSTA... NÃO ESCUTA, CADA UM TEM O DIREITO DE FAZER O Q QUER , OU VC VAI QUERER MANDAR NA CULTURA E NOS GOSTOS??? VC NÃO TEM O DIREITO DE FALAR NADA, SIM AS MÚSICAS FALAM SOBRE SEXO, SIM AS DANÇAS SÃO ERÓTICAS , E DAÍ ATÉ PARECE Q SÓ TEM ISSO NO PAGODE BAHIANO... HA HA HA... O PAGODE BAHIANO É MTO MAIS Q ISSO , PROCURA SE INFORMAR PARA DEPOIS CRITICAR E CÁ ENTRE NOS Q CRITICA POBRE E RACISTA... EU HEIM ISSO É CRIME PRECONCEITO CONTRA OS BAHIANOS , ENGRAÇADO SE VC OUVE SUA BOSSA NOVA , MPB, ROCK SEI LÁ O Q VC GOSTA DE OUVIR , NINGUEM CRITRICA NEH , AGORA VC VEM FALAR DE UMA CULTURA Q VC NEM CONHECE , E NEM DIZ Q CONHECE PQ SE CONHECE NÃO IRIA ESCREVER TANTAS BOBAGENS SOBRE AS MÚSICAS

Anônimo disse...

Garoto fica quietoo vc fede a leite e fica colocando essas bobagens ... Criança na internet é chatoo viu ...

Augusto Luiz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Augusto Luiz disse...

Cara, sinceramente, se você é contra algo, mostre seu nome e mostre a sua opinião sem agredir ninguém, como eu fiz no post. Eu sou baiano, e eu conheço sim - muito bem por sinal - o que é uma melodia, um acorde e uma letra. Ao que me consta, só postei o que eu acho e jamais chamei alguém de pobre, ou de qualquer coisa do tipo, em nenhum momento. O que eu fiz foi analisar criticamente a qualidade musical desse ritmo; se você não concorda, eu te respeito. Mas, cá entre nós, aprenda à escrever e desenvolva o seu senso crítico, beleza? ;)

Anônimo disse...

Olha, eu acho que você não pesquisou bem a história do pagode baiano, só falou das letras obscenas, e nem teve o prazer de falar como o baiano retrata a realidade vivida nas favelas, não vou mentir eu gosto desse ritmo sou baiana, você pode muito bem expressar sua opinião mais não denegrindo as pessoas chamando-as de burras e talz.
I LOVE PAGODÃO

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