“Olha, Maria, eu bem te queria fazer uma presa da minha poesia. Mas hoje, Maria, pra minha surpresa, pra minha tristeza, precisas partir. Parte, Maria, que estás tão bonita; que estás tão aflita. (...) Sinto, Maria, que estás de visita: teu corpo se agita, querendo dançar. Parte, Maria, que estás toda nua, que a lua te chama, que estás tão mulher. Arde, Maria, na chama da lua. Maria cigana, Maria maré. Parte cantando, Maria fugindo contra a ventania, brincando, dormindo; num colo de serra, num campo vazio, num leito de rio, nos braços do mar. Vai, alegria, que a vida, Maria, não passa de um dia. Não vou te prender. Corre, Maria, que a vida não espera!, é uma primavera, não podes perder.
Anda, Maria, pois eu só teria a minha agonia pra te oferecer.”
(Antônio Carlos Jobim)
Eis a questão.
Há 10 anos