27 junho 2013 0 comentários

Olha, Maria.

“Olha, Maria, eu bem te queria fazer uma presa da minha poesia. Mas hoje, Maria, pra minha surpresa, pra minha tristeza, precisas partir. Parte, Maria, que estás tão bonita; que estás tão aflita. (...) Sinto, Maria, que estás de visita: teu corpo se agita, querendo dançar. Parte, Maria, que estás toda nua, que a lua te chama, que estás tão mulher. Arde, Maria, na chama da lua. Maria cigana, Maria maré. Parte cantando, Maria fugindo contra a ventania, brincando, dormindo; num colo de serra, num campo vazio, num leito de rio, nos braços do mar. Vai, alegria, que a vida, Maria, não passa de um dia. Não vou te prender. Corre, Maria, que a vida não espera!, é uma primavera, não podes perder.

Anda, Maria, pois eu só teria a minha agonia pra te oferecer.”

(Antônio Carlos Jobim)

 
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