02 janeiro 2013 0 comentários

O mundo não é chato.

     O mundo não é chato, meu querido, mas está somente e insuportavelmente assim. Não do verbo ser, mas, do estar; o mundo vem de bizarras normalidades, e, por esses tempos, te juro, Horácio, que anda infinitamente mais cinza e sem graça como talvez – não me lembro – nunca tenha realmente estado. Aqui chove, meu amigo, e tampouco sabe-se que existe luz.

      Porque o mundo, inevitavelmente, é cruel, e capaz de te destruir absolutamente com alguns poucos segundos. As situações trabalham pra que cada um de nós, qualquer dia, venha a sofrer; e, acredite, parte dessa crueldade reside em uns sofrerem mais que outros e sermos, até mesmo quando o assunto é sofreguidão, intensa e profundamente diferentes.

      A verdade é que os poetas estão errados sobre as dores; que aqueles que escrevem frases sobre elas estão enganados, ou, mais maliciosamente, escondendo a verdade; que tudo sobre as dores é propositalmente acompanhado de uma pequena tentativa de dizer que tudo vai passar. A verdade, Horácio, é que as dores são como as gripes: são de uma variedade imensa e, contra elas, não há imunidade qualquer; cura-se de uma e outra vem, quase sempre pior.

Lágrima;

 
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