21 setembro 2012 0 comentários

Onde eu nasci passa um rio.

      Onde eu nasci passa um rio de saudade. Saudade sim, com aquele leve gosto amargo de exílio, que floresce no fundo da alma, como se aquele rio passasse em meu coração, e dele meu corpo não pudesse ficar-se longe. Onde eu nasci jorra saudade em forma de rio, como se isso fosse inteiramente possível.

      O rio da minha terra também exala paz, tranquilidade. Caminha por sobre a terra sem nenhuma pressa de chegar ao mar, como se nele não deságuasse, como se ele pouco importasse. Ou, como se o tempo não fosse nada senão um capricho da natureza que o meu rio, por fim, se recusava a obedecer.

Jacobina!

12 setembro 2012 2 comentários

O Monstro da Fome!

     “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”, disse o poeta Caetano conseguindo resumir, brilhantemente, toda uma situação trágica em uma das mais marcantes frases da nossa história. Não que a frase consiga mostrar o horror da conjuntura, mas, decerto que mostra o caminho que deve ser trilhado para um mundo onde a nossa gente – toda ela – possa brilhar.

     Gente é pra brilhar, mas gente não pode luzir se por aí anda tombando, sem sua vida, por falta do que pôr na boca, se não tem como saciar as necessidades do próprio corpo. Gente, definitivamente, não pode alcançar os seus objetivos se, antes de podê-los tentar, é destinada a uma das mais agressivas e dolorosas das dores, é talhada para uma das mais brutas mortes.

A cara da fome!

06 setembro 2012 0 comentários

Café com Poesia.

     Esses dias peguei-me preparando um café, mais doce que o de costume, e pegando um surrado livro de poesias do Drummond. Entre as dores, felicidades, amores, amantes, pedras no caminho e outras estórias do poeta, não pude deixar de cair em um mar de lembranças que pessoas como o Carlos chamam de saudade, e eu gosto e prefiro chamar de saudosismo.

     Cair, nadar por toda a sua imensidão, sorrir por sua beleza, morrer de exaustão. Porque é doce morrer nesse mar de lembrar-se e nunca se esquecer de tudo o que a gente um dia já amou, ou ainda ama. Amor é feito de poesia, e poesias fazem amor; tudo quanto é poesia tem um quê do que nós fomos algum dia, e o café faz a gente viajar, se perder, faz-nos vivos.

Café com Poesia!

 
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