Há alguns meses que, aqui mesmo neste blog, critiquei o procurador-geral da República, Roberto Gurgel por sua falta de vigor e por ser “fraco com os fortes”; chamei-o de inapto para o cargo que exerce. Hoje, porém, tenho uma visão bem diferente do simpático Dr. Gurgel. Motivo? Mexeu com aqueles em que poucos têm a ousadia de cutucar. Mostrou-se forte.
Ainda na semana que passou, Gurgel disse que enviaria à Procuradoria da República, em São Paulo, a acusação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Devem constar nesses papéis, trechos do depoimento prestado por Marcos Valério que acusam Lula de não só conhecer, mas, também, de se beneficiar do Mensalão. Acusações sérias, e, segundo Valério, com provas.
Não me gerou surpresa, tampouco naturalidade. Sempre imaginei que Lula saberia do esquema, visto que aconteceu debaixo do seu nariz. Caso não soubesse, poderia claramente ser chamado de palerma, pateta, ou tolo. Mas da participação dele no esquema eu tinha as minhas dúvidas. Dúvidas essas que podem ser sanadas com um provável julgamento de suas ações.
Acho bem difícil, porém, que isso venha a acontecer. Mas, já é um bom começo que a denúncia seja feita, e que seja levada a sério tanto pelos homens envolvidos, quanto pela imprensa e – parte do – povo que se interessa por política. Há a existência de ventos diferentes atualmente: ventos que causam um levante contra os corruptos, que geram inquietação.
Inquietação promovida por gente como Gurgel. Ela hoje no meio público é tão grande, que até o presidente Fernando Collor de Melo – notório corrupto – veio à público agredir o procurador-geral, dizendo que este seria “chantagista” e “prevaricador”. O ataque promovido por o atual senador não é gratuito, tampouco: faz parte da reação dos aliados do senador Renan Calheiros (atual presidente do senado; corrupto também).
Isso porque não só é caçador de Lulas e Mensaleiros o procurador-geral. Denúncias assinadas por Gurgel foram enviadas ao Supremo, ainda na semana que passou, acusando Renan pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato; e devem, se aceitas, serem julgadas pelo plenário do Supremo. Essa, acredito eu, bem mais passível de final feliz, do que no caso “Lula”.
Todas essas ações mostram que, depois de anos adormecido, o cargo de procurador-geral volta a ter uma participação importante no meio político. Gurgel, outrora apático, agora se mostra acordado e eficiente e anda metendo medo e incomodando muita gente.
Lula e Renan no banco dos réus, caso venham a se sentar nele, representam uma vitória para o povo, e a confirmação de uma tendência: a corrupção, no Brasil, é passível de punição e o seu futuro tende a não ser mais de farras; haverão festas, a bem da verdade, mas as vacas serão muito mais magras, e o leite não jorrará como um rio das tetas do governo.
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