06 setembro 2011

Fino Cordel;

     Há um tempo, aqui no blog, que critiquei as telenovelas brasileiras. Soltei o verbo contra a forma com que estavam sendo feitas: seguindo um modelo pronto, uma coisa horrivelmente predestinada e previsível. Era tudo a mesma mesmice.Cordel Escantado;

     Contudo, creio que nesse tempo que passou,  fez-se uma mudança nas estruturas delas, de uma forma que me agrada, que me deixa contente. Tais mudanças, noto, estão na forma com que o enredo é feito, e os temas escolhidos.

     Malhação encerrou, esses dias, uma temporada bacana – nada de extraordinário – mas, como há muito não havia tido; a minissérie, ou novelinha das cinco exibiu uma fase mais madura, e, como sempre, mostrou as linguagens joviais. Porém, percebi que, como inúmeras outras obras, perdeu rumo no fim, e acabou de uma forma que os telespectadores, em geral, não queriam.

     Mas, não é sobre todas as novelas que desejo falar. É uma, em especial, que me chama mais a atenção, e cuja crítica é tema do post de hoje. Cordel Encantado, mostra traços de destaque, e diferenças notáveis de quaisquer antecessora.

     Cordel é de uma singularidade admirável. Tudo parece imensamente casado, ligado, e proposto para dar certo. Cordel é o tipo de obra fruto de um risco. É uma ideia arriscada, desde a concepção, que só poderia dar muito certo – em termo de audiência – ou muito errado.  Nunca ficaria, como antecessoras, no meio termo.

    Jesuíno e Açucena.  Poderíamos enumerar os motivos de seu sucesso, mas, certamente, o primeiro é o mais importante, tendo em vista que dá base, e sequência aos outros. A escolha do tema da novela, misturando  dois ambientes completamente opostos, e imensamente distantes, interligados com motivos fortes, compreensíveis, que não dão a ideia de furos, ou de blecautes na trama.

     Também há o ambiente. Fugir do eixo Rio-São Paulo, das grandes cidades, ou dos cenários e falas medievais brasileiras – frequente nas novelas de época – para o Nordeste do Brasil e para as suas riquezas, mostrou-se fundamental para que a trama atraísse o olhar da plateia, digo, do público acostumado à formalidade, ou até mesmo à fuga para a informalidade, da teledramaturgia brasileira.

    image O sotaque nordestino, ou melhor, hibrido nordestino, deu um toque de humor em alguns personagens, como Batoré, Ternurinha, e Patássio, por exemplo, que enaltecem a trama, e fazem destes, coadjuvantes de luxo, juntamente com a presença magnifica de seus intérpretes com enorme bagagem.

     A trilha sonora  também é de fazer-se comprar. É uma seleção musical; que desde o tema de abertura chama a atenção. “Minha Princesa Cordel” parece ter sido composta por Gil para a voz de Roberta Sá, e casou perfeitamente para a novela – já que foi composta para ela. Além disso, assinam a trilha nomes como Bethânia, Caetano, Djavan, Zé Ramalho, Lenine, Gadú, além do mestre, e alma sertaneja, Luiz Gonzaga.

     Além de fazer bonito, a trilha ambienta a trama, mostra o sertão como ele é. Promove a integração das cenas e dos personagens de uma forma ímpar. Não foi preciso colocar fenômenos pop, ou música das paradas de sucesso, pra que ela tivesse sucesso. Por que, enfim, era a cara da trama, e era, em si, a trama.

      Os detalhes, os figurinos, os cenários são de uma sutileza e apropriação incomum. Todas as novelas da Rede Globo o têm, mas o de Cordel, em especial, consegue sobrepor, superar por unir o charme da simplicidade [dos nordestinos], e a simplicidade do glamour [da realeza], sem esquecer a clássica luxúria.

     As autoras;Todos os detalhes, e acertos da trama, não teriam consequência, porém, se quem o escrevesse não tivesse talento para criar um enredo de qualidade, conseguisse levar as grandes ideias, e os grandes feitos dos outros, adiante. Thelma Guedes, e Duca Rachid, porém, conseguiram não só isso, como providenciaram durante a trama, inúmeros outros acertos providenciais para o sucesso como um todo.

     Manter-se a trama, promover inovações, caracterizar e re-caracterizar personagens que caíram no gosto popular graças as suas diferenças e peculiaridades,  além de, todos os dias manterem e crescerem o charme da fala, o traçar dos destinos, o entrelaçar de relações, foram acertos das autoras.

     Tenho que discordar da maioria, quando criticam a escolha e atuação deAçucena! Bianca Bin, ou criticam a construção da personagem principal. Gosto de Açucena, e da sua intérprete; dão um gosto completamente autêntico á trama com o jeito explosivo, impulsivo e às vezes bobão da personagem. Mostra o que o amor é capaz de fazer, de uma forma fantástica, imaginária.

      Forma essa que foi, desde sempre, um grande e providencial acerto. O público brasileiro estava cansado de tanto realismo, e tanta chatice em torno dos problemas sociais. Precisávamos de algo novo, e Cordel não foi o justo meio entre o fantástico e o real. Mostrou-se mais fantástico, bonito de se ver,  encantador.

     Precisávamos ver esse amor, amor de adolescência encrustado na maturidade. Todo o charme de uma realeza, e os perigos de uma tirania. Mostrou o quanto personagens coadjuvantes, em uma boa trama, podem ser de especial presença. Mostrou o quanto o cangaço foi bonito, e o quanto nos fascina ainda hoje.

     Contudo, concordo, a trama, nas última semanas, deu uma caída daquilo que vinha sendo á um tempo. Talvez tenha se alongado demais. Talvez o antagonista principal  (Timóteo Cabral) tenha se dado bem demais, e apanhado de menos até agora. Enfim, podem haver imensos motivos, inclusive um. Um único.

     Nas telenovelas brasileiras, o final é sempre a pior parte. Ou a melhor, como foiDora e Filipe; o caso de Insensato Coração. Perde-se o jeito, perde-se as belas maneiras com que eram, ou, enfim, se tem ganha isso. O caso é que, quase nunca, se começa bem e se termina bem. Parece sina, mas talvez tenha explicação.

     O fato é que, no final, sempre a trama se adequa ao bem-estar dos mocinhos, sempre há final feliz e, consequentemente, a obra passa por um período de mesmice, que, inclusive, nem as mais diferentes obras conseguem superar. Inventam-se fórmulas, como: “Quem matou fulano?”, “Quem é a favorita?”. Mas, logo são copiadas, e, portanto, tornam-se chatas demais. Previsíveis até.

     Então, um pitaco meu: Se todas as novelas exageram na realidade, e, depois, caem na mesmice da fantasia do final feliz. Cordel, inverteu os fatores, e fez sucesso, por mostrar-se, até agora, fantástica, irreal. Por que, então, não completar a inversão e investir em um final real, duramente realista? Finais felizes são tão frequentes, que a crítica, e o público brasileiro, já se cansam…Jesuíno!

     Cordel foi ímpar. Me parece ter sido escrito em cordel, e, só depois, adaptado à televisão, já que mostrou-se tão mágico, tão doce, como o próprio cordel o é. Esse é, sem dúvida, um fino cordel.

  Não sei como Duca e Thelma farão. Mas, sinceramente, espero que deem à sua obra um final digno do seu começo, e de seu meio, e, que, Cordel fique pra sempre em nossas memórias como uma obra esplendorosa e completamente diferente.

      E você, o que achou de Cordel? Gostou? Não?! Erratifiquem! Smiley de boca aberta

Citação pós-post: Obrigado ao pessoal do ‘DoLipe’, que visita intensamente esse blog, neste momento. Pessoal, sempre achei que os dois eram de uma ligação bacana. Via-se pelas brigas, que tentavam disfarçar o sentimento. Ele é um príncipe, né?! Em todos os sentidos da palavra. E ela, uma sertaneja, arretada, uma fera indomável. Enfim, opostos e um lindo casal. Torço imensamente para acabarem juntos. =)

7 comentários:

Brunno Duprat disse...

Adooooooooooooro
Excepcional novela, todos muito bem em seus respectivos papéis!

Augusto Luiz disse...

Brunno, muito obrigado por tua presença, e por teu comentário. Também gosto bastante dos personagens, dos atores q os fazem, e, claro, da novela. Abraço! :D

Anônimo disse...

Lindo post. E adorei o agradecimento a torcida Dolipe, belas palavras a esse querido casal <3

Augusto Luiz disse...

Obrigado (Anônimo) pela visita e pelo comentário. Abraço! Volte sempre, =)

Anônimo disse...

adorei,a melhor novela do mundo cordel encantadooooooo

Augusto Luiz disse...

Obrigado pela presença (Anônimo); Realmente, foi uma ótima novela, digna da grande história da teledramaturgia brasileira. Volte sempre! :D

FRANCISCO NÓBREGA disse...

Pra mim, a melhor novela nos últimos 20 anos.

ASS: Francisco

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