11 março 2011

Beija eu?!

    Era linda. Tanto que ultrapassava quaisquer que fossem minhas pretensões. Era demais para mim, e eu sabia disso. Portanto, não encare qualquer ação minha senão como loucura, ousadia ou coragem. Mas, prefiro dizer que foi audácia.

Aquele Meio Sorriso'

     Realmente não queria saber de sair naquela noite de sexta – o que era meio estranho, já que amo sair às sextas, na faixa da lua. Mas, o fiz, sob uma incomum influência de alguns. Fomos à praça, na qual havia uma temperatura agradável, um sonzinho – voz e violão – fantasticamente romântico, e um cheiro de ar puro que há muito não via.

     Encostei-me no cais, juntamente com meus acompanhantes, e foi então que a vi chegar.

     Já a tinha visto algumas vezes, já havia inclusive falado com ela, mas não havia sequer nenhum motivo para sentar-se ao meu lado, como ela o fez em seguida. Cumprimentamo-nos. Eu, que devia sentir a naturalidade de quem nada espera, estava um tanto abalado pela beleza ao meu lado.

     Inesperadamente, surgiu um papo um tanto sério em meio à gandaia dos demais. Entreguei-me totalmente a conversa, encantado por tamanha presença. Aos poucos, todos foram se retirando, para outros afazeres, e nós não percebemos. Mas, apenas posso garantir que eu não percebi.

     Ela tinha um papel em mãos, que julguei estar em branco, e este voou com o vento. Já fazia frio, e, embora eu ame o frio, estava incomodado; não por mim, mas por talvez ela não estar bem. Fui apanhar o papel, que fugia do meu alcance, com cada rajadinha a mais.

     Quando enfim consegui, estava há uns dez metros dela. Ao virar-me, deparei com um sorriso deOlhar Atrevido' meia boca, extremamente cativante, apaixonante para qualquer cristão. Não era um riso de agradecimento pelo papel, ou pelo esforço; tampouco era de comicidade por a situação. Era aquele sorriso, aquele que me encheu de uma esperança repentina e de uma coragem pesada, de enorme que era.

     Depois, veio o olhar. Um olhar convidativo, levemente malicioso. Um olhar que endossava minha ousadia, minha certeza em algo tão imprudente e impensado, completamente irracional e louco. Fui andando até ela, com o papel já muito molhado de tanto suor, as pernas bambas e o juízo completamente exilado. Beijo'

     Juro que em algum momento pensei em fugir, sair correndo antes de fazer alguma besteira. Mas, antes que pudesse sequer cogitar a possibilidade real de fazê-lo, já estava em frente à ela, entregando-lhe o seu pertence. Cheguei bem perto, quase em um abraço, tentando ser galante. Pus meu nariz em frente ao dela, e meus olhos não suportaram a intensidade daquela lindeza. Fecharam-se, e nem mesmo percebi a frase que fugiu dos meus lábios, tão próximos dos dela, em um sussurro pedinte, ansioso, maluco:

     - Beija eu?!

      E então a noite pareceu curta demais...

1 comentários:

Nanda Martinez disse...

huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum"

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