Seu polícia devia estar com as pernas pra cima, comendo uma deliciosa rosquinha e pensando na morte da bezerra, quando o telefone teimou em lhe incomodar, tirar-lhe do maravilhoso e viciante ócio. Obviamente que ficou zangado com tal perturbação, como qualquer cristão ficaria. Mas, creia, ele teria mais motivos do que qualquer um de nós.
Acontece que quem ligou, na santa maldade de quem perturba, o fez pra denunciar que o namorado não calava a boca. Vejam que sacanagem, interromper o programa relaxante de alguém, pra queixar-se do namorado falastrão. Ela, pelo menos, não atirou o telefone nele, ou é o que se presume, já que preferiu telefonar para a polícia.
- Mas, ele não cala a boca, fala demais, tá me enchendo o saco! - ela decerto falou.
- Você não tem saco! - ele deve ter pensado, já mais irritado com a situação incômoda.
Sabiamente, o ilustríssimo policial desligou o telefone e alegou, para sua própria consciência, e pra o entendimento de quem quisesse saber, que fora um trote, uma brincadeira, de muito mal gosto, diga-se de passagem. Já nem lembrava o caso, e se passaram apenas alguns minutos para isso, quando o telefone tocou novamente, e era a mesma mulher, e era a mesma queixa, mas a chatice daquilo era maior.
Foram necessárias três ligações, para que ele deixasse, à contragosto – e xingando Deus e o mundo por isso – o recinto profissional e se encaminhasse à casa de Anita Lewis, na Flórida. Decerto que sua irritação aumentou muito quando chegou à casa. Por dois motivos:
- 1º - Seria bem mais legal para ele, que o seu algoz [e leia-se: pentelha] fosse uma moça simpática e tivesse qualidades visuais admiráveis. Sendo assim, ele lhe pediria uma recompensa, para sanar os danos sofridos e estaria tudo bem. [E ele podia imaginar inúmeras formas disto acontecer]. Não era. Ao invés disso, não era moça, era uma senhora cuja foto dispensa caracterização.
- Que merda! – deve ter pensado ao vê-la, e repetido o pensamento ao ouvir suas queixas exaltadas.
- 2º - O alvo das queixas da Sra. Lewis, seu namorado falastrão, estava calado quando o policial chegou à casa, com as pernas ao léu, com um copo de cerveja na mão. Um legítimo caso de uma cara que está ‘de boa’. Admirou-se, o sujeito, com a visita do policial. Fez cara de espanto e convenceu o companheiro de ócio, e de cerveja. Faltava uma rosquinha pra ele.
Pra não perder o esforço da viagem e exercer sua autoridade, advertiu o casal e, provavelmente, deu uma golada na gelada. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. Encaminhou-se de volta ao seu local de trabalho. Logo, teve cerca de 30min de paz, antes que Anita novamente ligasse, e antes dele xingar o diabo por isso. Ele voltou à residência, virado no capeta e injuriado com tamanha sacanagem.
O cara calado, com sua cerveja na mão, a mulher gritando e reclamando que o namorado continuava sem parar de falar. O ilustríssimo, seu polícia, nem sequer pensou duas vezes antes de algemá-la e levá-la para a cadeia, sob alegação de obstrução do trabalho policial.
A lógica era simples: Levando-a, se livrava das queixas, gritos e ligações incômodas, – e para isso deixá-la-ia isolada, sem qualquer possibilidade de ser absurdamente chata - e ainda livrava o pobre coitado do namorado dela [um santo em seu julgamento]. No mais, ‘Cala A Boca, Anita!’.
Post baseado em história real, cuja imagem leva ao link da notícia.
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