25 fevereiro 2011

Cala A Boca, Anita!

    Seu polícia devia estar com as pernas pra cima, comendo uma deliciosa rosquinha e pensando na morte da bezerra, quando o telefone teimou em lhe incomodar, tirar-lhe do maravilhoso e viciante ócio. Obviamente que ficou zangado com tal perturbação, como qualquer cristão ficaria. Mas, creia, ele teria mais motivos do que qualquer um de nós.

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    Acontece que quem ligou, na santa maldade de quem perturba, o fez pra denunciar que o namorado não calava a boca. Vejam que sacanagem, interromper o programa relaxante de alguém, pra queixar-se do namorado falastrão. Ela, pelo menos, não atirou o telefone nele, ou é o que se presume, já que preferiu telefonar para a polícia.

    - Mas, ele não cala a boca, fala demais, tá me enchendo o saco! - ela decerto falou.

    - Você não tem saco! - ele deve ter pensado, já mais irritado com a situação incômoda.

    Sabiamente, o ilustríssimo policial desligou o telefone e alegou, para sua própria consciência, e pra o entendimento de quem quisesse saber, que fora um trote, uma brincadeira, de muito mal gosto, diga-se de passagem. Já nem lembrava o caso, e se passaram apenas alguns minutos para isso, quando o telefone tocou novamente, e era a mesma mulher, e era a mesma queixa, mas a chatice daquilo era maior.

    Foram necessárias três ligações, para que ele deixasse, à contragosto – e xingando Deus e o mundo por isso – o recinto profissional e se encaminhasse à casa de Anita Lewis, na Flórida. Decerto que sua irritação aumentou muito quando chegou à casa. Por dois motivos:

  • 1º - Seria bem mais legal para ele, que o seu algoz [e leia-se: pentelha] fosse uma moça simpática e tivesse qualidades visuais admiráveis. Sendo assim, ele lhe pediria uma recompensa, para sanar os danos sofridos e estaria tudo bem. [E ele podia imaginar inúmeras formas disto acontecer]. Não era. Ao invés disso, não era moça, era uma senhora cuja foto dispensa caracterização.

- Que merda! – deve ter pensado ao vê-la, e repetido o pensamento ao ouvir suas queixas exaltadas.

  • 2º - O alvo das queixas da Sra. Lewis, seu namorado falastrão, estava calado quando o policial chegou à casa, com as pernas ao léu, com um copo de cerveja na mão. Um legítimo caso de uma cara que está ‘de boa’. Admirou-se, o sujeito, com a visita do policial. Fez cara de espanto e convenceu o companheiro de ócio, e de cerveja. Faltava uma rosquinha pra ele.

    Pra não perder o esforço da viagem e exercer sua autoridade, advertiu o casal e, provavelmente, deu uma golada na gelada. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. Encaminhou-se de volta ao seu local de trabalho. Logo, teve cerca de 30min de paz, antes que Anita novamente ligasse, e antes dele xingar o diabo por isso. Ele voltou à residência, virado no capeta e injuriado com tamanha sacanagem.

    O cara calado, com sua cerveja na mão, a mulher gritando e reclamando que o namorado continuava sem parar de falar. O ilustríssimo, seu polícia, nem sequer pensou duas vezes antes de algemá-la e levá-la para a cadeia, sob alegação de obstrução do trabalho policial.

    A lógica era simples: Levando-a, se livrava das queixas, gritos e ligações incômodas, – e para isso deixá-la-ia isolada, sem qualquer possibilidade de ser absurdamente chata - e ainda livrava o pobre coitado do namorado dela [um santo em seu julgamento]. No mais, ‘Cala A Boca, Anita!’.

Post baseado em história real, cuja imagem leva ao link da notícia.

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