02 março 2012

O Crô, de Fina Estampa.

     É inevitável se falar de novela, hoje em dia, e não citar a interpretação fantástica que o Marcelo Serrado nos propõe. Sinceramente, ele dá uma aula de como absorver uma personagem e de como colocá-lo dentro dos lares brasileiros, como parte constituinte do nosso dia-a-dia, pela simpatia que imprime ao Crô.Crô

     Impressão que é difícil de proporcionar, justo pelo papel que ele assume. Não é de costume da sociedade brasileira, ainda preconceituosa e arcaica, adotar um mordomo gay como sua personagem favorita e se divertir com ela, da mesma forma como se diverte com as outras personagens mais batidas, e mais comuns.

     Mérito, então, do Marcelo e do Aguinaldo Silva, que conseguiram fazer desse ‘diferente’ algo não só aceito, como muito bem recebido não só pela crítica, mas, principalmente pelo povo, que assim começa a ensaiar novos modos de se ver algumas situações. O Crodoaldo é o cômico e, ao mesmo tempo, a própria crítica.

     Pela dificuldade do papel, e pela facilidade que o Marcelo Serrado – heterossexual – faz parecer que há, é que há de se louvar a forma como encena. Não é fácil pra um ator – embora seja preciso – se transformar em uma coisa completamente nova. Ele tem que se reinventar, trazer aquilo pra dentro de si.

      É ai que surge a criatividade do autor em criar, e do ator em mitificar um Marcelo Serradobordão. Não sei se é o caso desse personagem, mas os bordões – de quem não conheço a autoria – já são clássicos! Adjetivos como ‘Jacaroa do Nilo’, ‘Pitonisa de Tebas’, ‘Rainha do Nilo’ e ‘Filha de Osíris’ já caíram no cotidiano e, volta e meia, é possível ver alguém os usando. O que imprime, é claro, humor à obra.

    Humor que hoje é fundamental para qualquer novela, já que, como ele, o público se sente mais familiarizado com a trama. E isso, Fina Estampa tem de sobra. A obra é bem ligada e a relação entre as personagens é feita de uma forma que não deixa lacunas, espaço entre os enredos.

      Afinal, o que dizer da relação de Crô e a sua amada/odiada patroa? Os diálogos entre os dois nos chamam tanto a atenção, que por vezes assistimos todo o capítulo só pra vê-los contracenar. Contudo, nenhuma relação é mais fascinante que a que o Marcelo conseguiu fazer com o Alexandre Nero. Crô e Baltazar são o máximo! É o tipo de romance pelos quais torcemos nas novelas. É legal vê-los.

Aliás, falando no Baltazar, já sabe-se que ele não é o amante do Crô. Aliás, vamos também falar do mérito do Aguinaldo em nos tirar do ‘Quem matou fulano’, pra nos levar para uma nova fórmula, uma fórmula que, creio, seja nova, criativa. E termino o meu post, com a pergunta mais rodada da teledramaturgia atualmente:

“Quem é o amante de Crodoaldo Valério?”

Notinha de rodapé, pr’quela moça: Sem dúvidas, o maior desafio que tive foi aquele que enfrentei pra te conquistar, pois tive que ser eu mesmo e te mostrar todos os meus defeitos. Tive que te mostrar quem eu era, sem quaisquer encenações,  pra só depois te convencer que era o melhor pra você. Sem encenações. Pra te conquistar, tive que sepultar meu hobbie de ator…  Garoto paquerando

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