02 novembro 2010

Sra. Presidente!

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   A política no Brasil está sofrendo mudanças grandes, prova disso é a eleição de Dilma Rousseff para o cargo de Presidente da República. Quando, em meio a essa política machista que temos, imaginaríamos uma mulher exercendo o cargo mais alto do governo?

    A eleição de Dilma representa a crescente de conquistas que as mulheres vêm construindo ao longo dos últimos anos. Ela são maioria e já mostraram, vide Margaret Thatcher, ser tão ou mais competentes que nós para governar.

   Resta saber o que será, na prática, o governo de uma mulher. Inúmeras dúvidas surgem em relação à isso. Há a perspectiva de mudança nas leis em favor delas? O Brasil destrói de vez o machismo ou é mera figuração? Quais as reais consequências disso? Boas ou ruins?

   Enfim, deixemos de lado o sexo da futura presidente para discorrer sobre outra questão. A eleição dela foi um produto. Um produto do presidente Lula, trabalhado afinco por ele desde muitos tempo atrás. Um produto que a má oposição, ou pseudo-oposição, realizada pelo PSDB-DEM não conseguiu sabotar.

    O PSDB mostrou mais uma vez que não sabe fazer campanha presidencial. Ganhou em 94 e em 98 por ação da alta popularidade de FHC e do Plano Real. Desta vez tinha inúmeros escândalos a seu favor: não utilizou corretamente; tinha um candidato experiente: não o expôs da forma ideal; tinha na sua história recente um governo que mudou os caminhos do país: escondeu-o e vacilou sobre o seu legado.

   E um dos piores erros dessa campanha foi a forma com que tentaram colocar a experiência de Serra frente a ausência disto em Dilma. Fizeram em propagandas, em anúncios, de uma forma forçada, tosca. Deviam expor isso em debates, atacando-a nos seus pontos fracos (quanto às propostas, é claro). Porque ela realmente não tinha qualquer preparação, foi adquirindo alguma ao longo da campanha. A questão era que tinham medo de atacá-la: bater na Dilma significava chamar o Lula pro ring, e ninguém queria enfrentar o Lula!

    A questão é que a participação do presidente deixou a competição desumana. Sim, desumana! Lula, com sua altíssima popularidade, principalmente no Nordeste, era tratadoLula como uma divindade e fazia conhecer, gostar e proteger sua candidata. Mas, digamos que não é errada. Afinal de contas, a popularidade dele foi construída com muito trabalho e suor, não foi lhe dada e, pode ele – seguindo as leis e a ética -  usar como quiser, o povo decide se o segue, ou não.

   A outra questão é que amamos o tio Lula. Ele passa, através das telas da tevê ou das fotografias na internet ou jornais, uma simpatia ímpar que nos faz senti-lo próximo de nós, como nenhum outro o fez. Desfazer-se dos feitos do Lula  é quase um pecado, um pecado imperdoável. Resta saber agora qual será a participação dele neste futuro governo.

    O doloroso segundo turno acabou, ou melhor, a batalha acabou. Como disse no outro post, votamos no mesmo pior, e o menos pior pra 56% dos brasileiros foi Dilma, ou melhor, o PT e os seus ideais perdidos ao invés de Serra e o seus tucanos de voos errantes.

    O futuro governo Dilma é imprevisível. E em meio a esse mar de incertezas, temos uma concreta: o Brasil viverá uma guerra nos próximos quatro anos. Uma guerra gramatical. Afinal, soa feio, por mais que não errado, o uso do ‘presidenta’, não é mesmo Sra. Presidente?      

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