“A punição da Anatel foi pouca”, foi o que me disse outro dia uma amiga, e disse também pra um atendente da Tim. E eu concordei. Embora possa parecer grande, tendo em vista o prejuízo que as empresas de telefonia vão ter, isso é muito pouco perto do prejuízo que os consumidores tiveram ao longo de anos de vista grossa por parte dos órgãos reguladores.
Não é de hoje, nem de ontem, que a situação mostra-se insustentável. Inúmeras reclamações são registradas por dia no PROCON (órgão de defesa do consumidor) e, até então, nada de realmente efetivo tinha sido feito. A ideia de ‘terra-de-ninguém’ tinha se espalhado e tomado conta da telefonia brasileira, como já havia se espalhado por todo esse nosso país.
Achávamos que isso não aconteceria, devido à forte concorrência que havia no setor. A concorrência de várias empresas pelos clientes seria suficiente para melhorar o serviço, diria a lógica. Mas, por estarmos no Brasil a coisa realmente tem tendência a ser justo o contrário... E foi! As empresas, ao invés de lutarem para serem melhores que as outras, me parece que fizeram um consenso entre si para serem exatamente a mesma porcaria.
Até que a Anatel, em um surto de poderio sem precedentes – simplesmente para mostrar serviço ao povo que lhe mantém – resolveu aplicar uma punição enérgica. Impediu, com a proibição da venda dos novos chips, que esse serviço de péssima qualidade se espalhasse para mais pessoas. E que, obviamente, novas reclamações chegassem ao PROCON e, consequentemente, à própria Anatel. Muito sensato, não é mesmo?!
Mas, no fundo, é mais inteligente do que isso. Com a ascendência da chamada “classe C”, ou seja, com o melhoramento da situação das pessoas pobres desse país, há um aumento significativo na venda dos chips para celular. Impedir, mesmo que por alguns dias, a venda desses chips, acarreta diretamente em uma perda milionária para as operadoras em questão.
Isso, por sua vez, faz com que essas se movimentem rápido, busquem soluções imediatas para o fim da proibição. Os investimentos que ambas alegaram que já estão fazendo parecem balela, conversa pra boi dormir e acalmar o povo. Mas, novos planos terão que ser feitos e aplicados e, nesse caso, cabe à Anatel julgar e, assim, tomar as medidas cabíveis.
Caso contrário, reclamar parece ser a melhor opção. É um modo de não ficar calado, de buscar solução para o problema. Procuremos o número do PROCON, reclamemos de quão ruim é o serviço prestado à nós. Reclamemos de quanto é prejudicial essa expansão inconsequente das operadoras por todo o país. Reclamemos! Ora pois, deu certo uma vez, não é?
A insatisfação popular deve ser mostrada. Nós não podemos nos calar diante dos obstáculos que, como esse, florecem e dão frutos no Brasil. Somos aquele à quem é dado o direito de definir os rumos que devemos tomar, somos aquele à quem pertence o governo democrático. Somos o povo!
Hoje, como comecei, termino. A amiga me disse que foi pequena a punição. Concordo! Foi pouca; poderia ter sido bem maior. Mas, de todo o caso, como ela mesma falou pra o atendente da Tim, “Estou adorando o que a Anatel está fazendo com vocês...”. Adorei! Sabe por quê? Vejam vocês mesmos o decorrer do diálogo entre eles dois, e julguem por si.
Atendente: Infelizmente o setor de reclamação está indisponível.
Ela: Vocês estão ótimos, hein?
Atendente: Infelizmente.
Ela: Estou adorando o que a Anatel está fazendo com vocês...
(Atendente calado por algum tempo)
Atendente: Deixa ver se tem como manda pro setor de reclamação.
Ela: Oxente, não tá funcionando, não?
Atendente: Vou ver aqui... Você já ligou lá?
Ela: Como? Escolhi a opção ‘reclamação’ e você me atendeu...
Você não é do setor de reclamação?
Atendente: É, sou eu. É porque estava indisponível...
Ela: Legal.
Quais suas conclusões? O que você acha? Erratifique!
”Blog sobrevive de comentários…”
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