24 julho 2012

Viver sem fronteiras?

     “A punição da Anatel foi pouca”, foi o que me disse outro dia uma amiga, e disse também pra um atendente da Tim. E eu concordei. Embora possa parecer grande, tendo em vista o prejuízo que as empresas de telefonia vão ter, isso é muito pouco perto do prejuízo que os consumidores tiveram ao longo de anos de vista grossa por parte dos órgãos reguladores.

     Não é de hoje, nem de ontem, que a situação mostra-se insustentável. Inúmeras reclamações são registradas por dia no PROCON (órgão de defesa do consumidor) e, até então, nada de realmente efetivo tinha sido feito. A ideia de ‘terra-de-ninguém’ tinha se espalhado e tomado conta da telefonia brasileira, como já havia se espalhado por todo esse nosso país.

Operadoras punidas!

     Achávamos que isso não aconteceria, devido à forte concorrência que havia no setor. A concorrência de várias empresas pelos clientes seria suficiente para melhorar o serviço, diria a lógica. Mas, por estarmos no Brasil a coisa realmente tem tendência a ser justo o contrário... E foi! As empresas, ao invés de lutarem para serem melhores que as outras, me parece que fizeram um consenso entre si para serem exatamente a mesma porcaria.

     Até que a Anatel, em um surto de poderio sem precedentes – simplesmente para mostrar serviço ao povo que lhe mantém – resolveu aplicar uma punição enérgica. Impediu, com a proibição da venda dos novos chips, que esse serviço de péssima qualidade se espalhasse para mais pessoas. E que, obviamente, novas reclamações chegassem ao PROCON e, consequentemente, à própria Anatel.  Muito sensato, não é mesmo?!

    Mas, no fundo, é mais inteligente do que isso. Com a ascendência da chamada “classe C”, ou seja, com o melhoramento da situação das pessoas pobres desse país, há um aumento significativo na venda dos chips para celular. Impedir, mesmo que por alguns dias, a venda desses chips, acarreta diretamente em uma perda milionária para as operadoras em questão.

Oi, Tim, Claro.

     Isso, por sua vez, faz com que essas se movimentem rápido, busquem soluções imediatas para o fim da proibição. Os investimentos que ambas alegaram que já estão fazendo parecem balela, conversa pra boi dormir e acalmar o povo. Mas, novos planos terão que ser feitos e aplicados e, nesse caso, cabe à Anatel julgar e, assim, tomar as medidas cabíveis.

     Caso contrário, reclamar parece ser a melhor opção. É um modo de não ficar calado, de buscar solução para o problema. Procuremos o número do PROCON, reclamemos de quão ruim é o serviço prestado à nós. Reclamemos de quanto é prejudicial essa expansão inconsequente das operadoras por todo o país. Reclamemos! Ora pois, deu certo uma vez, não é?

     A insatisfação popular deve ser mostrada. Nós não podemos nos calar diante dos obstáculos que, como esse, florecem e dão frutos no Brasil. Somos aquele à quem é dado o direito de definir os rumos que devemos tomar, somos aquele à quem pertence o governo democrático. Somos o povo!

     Hoje, como comecei, termino. A amiga me disse que foi pequena a punição. Concordo! Foi pouca; poderia ter sido bem maior. Mas, de todo o caso, como ela mesma falou pra o atendente da Tim, “Estou adorando o que a Anatel está fazendo com vocês...”. Adorei! Sabe por quê? Vejam vocês mesmos o decorrer do diálogo entre eles dois, e julguem por si.

Atendente: Infelizmente o setor de reclamação está indisponível.

Ela: Vocês estão ótimos, hein?

Atendente: Infelizmente.

Ela: Estou adorando o que a Anatel está fazendo com vocês...

(Atendente calado por algum tempo)

Atendente: Deixa ver se tem como manda pro setor de reclamação.

Ela: Oxente, não tá funcionando, não?

Atendente: Vou ver aqui... Você já ligou lá?

Ela: Como? Escolhi a opção ‘reclamação’ e você me atendeu... 
             Você não é do setor de reclamação?

Atendente: É, sou eu. É porque estava indisponível...

Ela: Legal.

Quais suas conclusões? O que você acha? Erratifique!
”Blog sobrevive de comentários…”

0 comentários:

Postar um comentário

 
;