21 setembro 2012

Onde eu nasci passa um rio.

      Onde eu nasci passa um rio de saudade. Saudade sim, com aquele leve gosto amargo de exílio, que floresce no fundo da alma, como se aquele rio passasse em meu coração, e dele meu corpo não pudesse ficar-se longe. Onde eu nasci jorra saudade em forma de rio, como se isso fosse inteiramente possível.

      O rio da minha terra também exala paz, tranquilidade. Caminha por sobre a terra sem nenhuma pressa de chegar ao mar, como se nele não deságuasse, como se ele pouco importasse. Ou, como se o tempo não fosse nada senão um capricho da natureza que o meu rio, por fim, se recusava a obedecer.

Jacobina!

       Talvez ajudasse a brisa da minha terra, aquela que salienta a paixão pelo que é cômodo, como só as mais aconchegantes cidades do interior podem, um dia, ventear. A brisa de onde eu nasci tem um gosto especial de felicidade, que poucos outros lugares no mundo um dia ousaram ter.

      E o céu? Bem, o céu de uma cidade do interior. Onde a Lua e as suas estrelas fazem da minha cidade o mais lindo cenário noturno para a mais bela peça de teatro: a noite. É amável a conjuntura, a forma, o ritmo. A minha terra tem coisas que somente à ela coube o fardo, ou a honra de possuir.

      Tem também aquelas pessoas que um dia eu amei, ou que ainda amo, cujo sentimento ainda está resguardado por cada rua, viela, ou avenida da cidadela. Amores e desamores de memórias que só à ela coube resguardar. E enfim, as memórias depositadas em cada paralelepípedo da velha cidade.

     A cidade velha que eu amo, e que me ama também. Sei que sentes saudades minhas, formosa Jacobina, mas sem ti sou metade, enquanto sem mim é, e continua sendo, a mais linda terra, a mais linda expressão de baianidade, de brasilidade que um dia me foi mostrado. Vou voltar, sei que ainda vou voltar…

Por que onde eu nasci passa um rio que deságua em meu coração.

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