Amigos, amigos.

     Amigos, amigos, são aqueles caras que sempre estão lá, com a camisa oito, prontos para entrar em campo quando qualquer uma das estrelas do seu time, por alguma razão, tem que sair. Não são de brilhantismos e excentricidades, mas sempre podem substituir, à altura, qualquer craque, em qualquer situação, com a humildade de vestir “apenas” a quase inexpressiva camisa oito.

      Amigos são de substituição. São as pessoas que podem substituir o teu pai, quando, por alguns momentos, este se fizer ausente, ou o teu irmão, quando você não tiver um. São aqueles que podem substituir o teu namorado, quando ele tiver de sair de cena. Ou, podem até mesmo substituir o padre, quando a confissão for pesada demais. E, mais, suprir a Laura Miller, quando o assunto for sexo.

     Porque, se bem analisados, os amigos podem, enfim, realizar quase todas as funções. E é para isso que normalmente são treinados. Amigo, amigo de verdade, não é aquele especializado, phD, em uma função. Mas, aquele capaz de ser versátil o bastante para ser o melhor em todas, em absolutamente todas as funções.

      É a pessoa que te faz parar de ambicionar ter um milhão de amigos, para te fazer sentir bem em ter apenas o número necessário. Porque você encontra tudo o que quer nele, e, para os outros, resta a função de auxiliá-lo em te fazer bem e feliz.

     O teu amigo, então, é o cara. O cara que você cita como exemplo, e até aquele cara que você usa como inspiração em alguns momentos. É o cara por quem você sente admiração, por pequenas ações, por pequenas sensações. Ou você vai dizer que nunca esboçou um meio sorriso ao ver uma ação de um amigo, que você julgou bacana demais, mesmo sendo inexpressiva o bastante pro resto do mundo?

     Isso, porque você o conhece. Se conhecem o bastante pra saber o que agrada ao outro, e também o que desagrada. Entende as escolhas dele, por justamente o conhecer; mesmo que não concorde, mesmo que pareçam loucas demais. Aconselham, tentam mudar sua opinião, interferem – e só eles tem o direito de fazê-lo de forma tão natural. Amigos conhecem – e estudam – as partes mais importante do seu passado; e, conhecendo você, e o seu passado, podem, assim, prever o seu futuro, suas ações.

     Mas, amigos também são de momentos seus. São de momentos únicos e, para os quais, sempre serão lembrados. Há coisas que só fazemos com amigos. Coisas exclusivas, fúteis para este planeta monótono, mas que te fazem sentir bem estar. Amigos te fazem bem, te fazem feliz e estar com eles é bem mais que prazer.

      Prazer, vos apresento os coadjuvantes. Porque, em toda a vida, na maioria dos casos, um amigo jamais ocupará o papel de protagonista na sua história. Mas, sempre será lembrado – se um dia você o chamar de melhor, sinceramente – como um coadjuvante de luxo, que enriqueceu toda a história, e, que, por vezes brilhou mais que os protagonistas, e fez de tudo pra audiência não cair.

     Pra nada cair, explodir, ou superlotar, ele é o HD de reserva, na qual você deposita seus segredos, quando o seu próprio está cheio demais. Ou o túmulo no qual você os enterra para que eles nunca mais voltem, e, se voltem, não se alie à solidão de tê-los que enfrentar sozinhos. O seu segredo, é o segredo dele. A sua dor, é a própria dor que ele sente, que ele vive. Pra contar tudo, sente-se à vontade.

      Sinta-se à vontade. Com eles, você não precisa controlar as palavras; se censurar, ou dosar os gestos. E não se sente obrigado à dosas as ações dele também. O faz quando quer; mas, nele, não há segunda, ou terceira, intensão.

     E foi  na primeira intenção, que aquele cara que te disse, na mais pura concepção da ideia, ‘eu te amo’. E te abraçou terno e profundamente, em um abraço que você precisava, que o seu corpo ansiava bem menos que sua alma. E o momento que dois amigos se abraçam, não é nada menos do que o único momento em que dois corações batem nos mesmo corpo. Um em cada lado, em uníssono.

   À isso dá-se o nome e a explicação: Amor puro. O amor sem desejo, sem ambição, sem falsidade. Em outras palavras, amigo é o cara que não quer te comer, que não tem interesse maligno em você, que só te quer bem, e que não vai te trair.

     Amigos podem errar. Sim, e como podem. Podem até errar feio demais. Mas, amigo, mané, amigo de verdade, mata qualquer coisa por você. Mata até a medusa dos homens [orgulho] pra te pedir perdão. E, tudo isso e muito mais, não precisa pôr na conta. Porque resta uma coisa: ele não cobra. É tudo de graça, é tudo do fundo da alma; sem esperar retorno.

     O ‘Eu te amo’ sai. Não precisa de retorno. Sai, por que precisa sair, porque precisa ser dito. Sai, porque é sincero.

[Um abraço em Saíze Carvalho, Fernanda Martinez, e a todo o povo daquela sala.]
’Tâmara Rios, Fernanda Gonçalves, pra vocês, aquele - sim, aquele - beijo. Amo vocês.’’